terça-feira, 8 de maio de 2012

você não tem que ser bom

você não tem que atravessar o deserto
de joelhos
murmurando
                          eu sou o mar

você precisa apenas deixar o cavalo
correr solto
amar o que seja
            
                   amar como seja

                                                                [venha.

me conte das tuas dores
das tuas noites sem dormir
do ouro da tua pele
- arde
e arranca

te conto da minha escuridão

viver apesar de
viver esquecendo de
viver à revelia de

enquanto o mundo persiste em ser mundo

enquanto o sol e as frágeis gotas de chuva
avançam sobre a lagoa
sobre a areia
sobre o asfalto
sobre mim e sobre você
sobre os rostos que tremulam em
velhas fotografias

enquanto os pássaros
tolos e selvagens
mais uma vez voltam para casa
sob imenso céu azul

quem quer você seja
tão envidraçado esteja
o mundo se oferece
cão vadio a teus pés

te chama
como aos

tolos e selvagens
pássaros
te grita
conduz cada coisa
                     a seu lugar


(à tua volta tudo canta
tudo desconhece)