esvaziar o barco de qualquer rancor
navegar por botafogo
contornar os sins
e os
nãos
*
de dia nada falo
me resigno, calo
espero a chuva
sair para dançar.
durmo em lençóis de algodão
da sala, tracei linha
até o japão
para nenhum telefone me encontrar
no portão, esperam mares
teias
passados
de chaves nas mãos
boa sorte:
*
meus olhos afogados veem o flamengo:
uma cidade
o mar
uma tempestade
*
comprei hoje, na feira da glória, um par de sapatilhas de veludo vinho, daquelas de fivela, ainda por cima. dez reais. a senhora queria me vender mais barato, não deixei. na saída, ela ainda me desejou:
- seja muito feliz com os novos sapatos!
serei, senhora. serei.