quando o portão abriu, respirar estava difícil: em um entorno de medo e vergonha - por ter olhos tão grandes, sorrisos amarelos, mãos, expectativas, perguntas, tantas perguntas. queria saber tudo. mas sem incomodar. sem provocar amargor - seria possível? assim, como quem pede desculpas, sentei-me no sofá, olhares na linha do chão, o que fazer diante do tanto? eram curvas que se me apresentavam ali: curvas de um passado sobre o qual navegar, curvas na memória, curvas de amor & desamor, curvas de tempo perdido e passado. falamos de manoel de barros, de godard, de manuel bandeira, rimos um tanto aqui e outro ali, dos homens que jamais deixam de ser meninos, das meninas que invadem e tornam-se mulheres à revelia de quem vê, de moças cariocas-inglesas. restou a sensação de tempo que nunca vivi: mas está aqui, agora, preso nos meus dedos, sem escapar.