marcelo percebeu que estava apaixonado por alice quando ela cantou, sem errar e sem desafinar, todos os versos de would, de alice in chains, ainda que ambos tivessem derramado uma garrafa de uísque às costas cansadas.
a felicidade era, todos os vinte e nove de junho, sentar ao seu lado, na cadeira de plástico e sem braços, e acompanhar, da minha voz rouca de já tantos marlboros, fuck forever, do babyshambles, para, ao final, segurar sua mão e rirmos juntos, desafiando os céus: fuck forever.
lembrar dos cachos dourados daquele surfista prateado é ter a voz de bob dylan em hurricane ligada no máximo, na manhã de uma quarta-feira atrasada.
dançar touch me, do the doors, ao lado de guilherme, nunca foi tão bom. da mesma forma que, encostadas ao muro sujo de um condomínio, duas meninas tinham as angústias perdoadas por all i really want, de alanis morisette.
chegar atrasada no colégio por assistir, repetidas vezes, ao novo clipe do nirvana, onze anos depois. e ser o único assunto por semanas.
costurar as madrugadas à voz de lou reed.
fazer amizade com estranhos na barra da tijuca para chegar mais perto de scott weiland.
reconhecer, antes da torcida do flamengo, os acordes de back in black, do AC/DC, na voz de shakira.