não foi a pior semana da minha vida mas estava no top 5. (chegou muito perto de derrubar a seqüência de dias em que minha mãe estava no hospital na segunda, ia morrer em uma semana na terça, em 24 horas na quarta, na quinta meu pai já havia arranjado tudo para eu me mudar para a casa dele e na sexta ela deu sinais de vida, mas aí que essa semana tudo começou a se resolver na quinta, então vejamos).
segunda: quando seus pés pisam o chão frio de madeira de laranjeiras numa segunda às 5h30, e decidem voltar na mesma hora, você treme: vai dar merda. a pessoa que iria montar meu filme, o onipresente 569, me entregou uma colagem rameira e mal-feita de seqüências sem sentido algum. nem se godard tivesse tomado um ácido para ver meu filme aquilo teria dado certo. também foi o primeiro dia no emprego novo: além de ter eu ter que passar pela rocinha todos os dias (not nice, not nice, not nice), logo no primeiro dia eu recebo um catatau de 300 páginas para ler. e minha gente, eu choro. choro de desespero.
terça: a matéria sobre tecido acrobático degringola e um novo tema surge: o ano da astronomia. pode ser interessante, mas no mundo da televisão, uma coisa é essencial: autorização de cessão de imagens. e a responsabilidade de conseguir isso é minha. mesmo eu tendo dois empregos, duas faculdades, dois filmes, dois roteiros para terminar... não consegui um lugar para editar o 569. cancelei a gravação de duas irmãs (o nome do próximo, aliás) e desisti de ser cineasta. é muito difícil. ninguém te ajuda. descubro que meu curso, pelo qual paguei 500 reais, é no horário do trabalho. não há reembolso. devo pedir demissão?
quarta: o CLÍMAX. além do curso, a puc fez o favor de marcar palestras e trabalhos também no horário do meu trabalho. that's it, vou pedir demissão. consegui uma ilha de edição. à noite. e no sábado, de 7h às 19h. chantageei, menti, traí. mas consegui a ilha. problema: eu saio de s. conrado, que é do outro lado do rio de janeiro para copacabana, que é O INFERNO do rio de janeiro, para dar aula. e eu preciso fazer o translado em 10 minutos. não consigo, claro. para completar, o motorista me deixa no ponto errado. e eu estou de salto. e assisto a um seqüestro-relâmpago na orla. e pego o ônibus errado para ir para a casa da aluna e ainda tomo esporro do cobrador (eu sou cobrador, como é que a senhora espera que eu saiba contar?). na saída do ônibus, o salto emperra e a professora cai em cima dos mendigos. de copacabana. transtornada, a pessoa já descabelada cai em um choro torrencial e é socorrida pelos IDOSOS do bairro, que a levantam, a ajeitam e a levam ao endereço certo.