sábado, 30 de maio de 2009
na madrugada, dois bilhetes de loteria sem serventia alguma. quando era criança, toda segunda e toda sexta era dia de loteria; uma única vez minha mãe me deixou preencher os números; eu era criança boba e copiei os números vencedores da semana passada. dona heliana brigou comigo, rasgo a aposta e disse que nunca mais eu teria direito a apostar em nada. a única vez em que ela ganhou foi uma quadra, que pagou uns duzentos reais. uma noite, depois da padaria, ela me perguntou "por que você acha que eu nunca vou acertar a sena na vida"? a voz engasgou, não saiu palavra por palavra e eu fingi que não ouvi. mas queria ter dito: coisas boas não acontecem com a gente de graça.