domingo, 24 de maio de 2009
... e quando raia o domingo, desses de farta quentura, vapor erguendo-se do asfalto, mal balançam as árvores e como ficam lindas, lindas as meninas nas bicicletas, sim, então surgem as nossas tardes lentas, agora já perdidas, eu cá, você lá, mas persistentes nesses domingos, onde a hora não se dava, as flores não se partiam, as pessoas ficavam - éramos todos, no fundo, uns agregados - e entravam tarde, noite, luzes adentro. não estávamos por um fio; sequer conhecíamos a água suja da angústia, tínhamos lá, claro, nossas pequenas distrações, porque uma vida plena de felicidade é falta de significado, mas ainda caía uma certa chuva de primavera, antes das flores abrirem e de todo, todo o resto desagüar.