domingo, 6 de março de 2011

eu, os alpes e você

Olha só que isso pode ser um plano de vida: ter um castelinho distante do asfalto e passar seis meses em Londres e seis meses no Brasil, fabricando roteiro às escondidas. Não importa onde eu esteja - Londres sempre vai morar comigo. Sempre! A cidade mais linda, a mais cosmopolista, a mais incrível, a mais sonhadora - o lugar onde tudo é possível. Que Estados Unidos, que França, que carnaval - minha carne é da Inglaterra.

Eu vim do gelo, só pode. Eu olho para os alpes e penso: eu moraria aqui. No pé da montanha de gelo. Tudo tão branco, tão gélido, tão cândido... A paz da Iceland. Um dia ainda vou ao Alaska e vou me sentir em casa, eu sei. Sabia que tem uma música do Lou Reed chamada Stephanie Says, em que o refrão é:

but she's not afraid to die
the people all call her alaska
between worlds so people ask her
'cause it's all in her mind
it's all in her mind


Você sabe, você conhece a fundo a minha nostalgia da adolescência, a época em que eu fui FELIZ e SABIA. E estar aqui, na casa do meu padrinho de casamento, do meu amigo de dez anos, rodando a Itália e lembrando de como a gente ria, de como a nossa turma era feliz, como ríamos e como pássavamos pelas maiores merdas sempre felizes (às vezes brincando de depressão, mas era apenas brincadeira), de como tínhamos o mundo nos sonhos e agora temos nas mãos... E estar com a família dele (não sei se você já teve a oportunidade de conhecer, mas uma família italiana te ADOTA) é um conforto imenso. Sensação de pertencer a algo, sabe? Desde que eu deixei os meus meninos, os meus amigos, essa sensação de 'não-pertencimento' me persegue. E, engraçado, nisso eu também me encontro na Ana C.: ela tem uma sensação, incômoda, de nunca pertencer a lugar algum, sempre ser desajeitada. E as pessoas com quem eu converso que a conheceram sempre me narram isso - de lembrar dela sempre quieta, no canto, fumando seu cigarro, observando, observando, observando, sem revelar muito de si. A misteriosa Ana C....

O que a gente tem é somente nosso.

Me promete que um dia você me deixa te levar em Londres? We are gonna have the time of our lives! Vou te levar num café, garoto, em Portobello Road, escondidíssimo, que serve o MELHOR brownie de todo o universo. Você jamais vai comer outro igual. E ah! Tem um café no porão da igreja de St. Paul em Edinburgh que tem um café preto com um panini... Menino, é melhor que orgasmo.

Beijo gelado dos alpes.