terça-feira, 15 de março de 2011
correm os dias - até quando - nas gotas, uma janela avista terra - queria dizer que encontrei a paz, mas seria - um suspiro grave - ainda que tranquilo, ele a espera - finjo em vermelho e verde; finjo em tantas cores, esqueci dos fonemas - hoje acordei cega; sem mais nem menos, cega - ele ainda a espera - atravessar é um puta dum verbo engraçado - dói, dói, ainda dói tanto - a ponta do lápis arranha o papel - solenemente, ele a espera - tateei em busca dos óculos; ainda assim, continuei cega, nem distinguir a luz consegui - amanhã, amanhã, ela me diz - eu ainda sangro às vezes, desapercebida - de longe, recebo e-mails, cartas e contados - debaixo das saias, ele ainda espera - rascunho do inferno é nascer mulher.