estou em uma fase de filmes e peças. ando querendo entrar em cada teatro que é uma coisa. estranho, eu sempre fui rata de cinema, e estou acostumada a ter bilheteria aberta a qualquer hora do dia. teatro possui todo um ritual. é mais calmo. a venda de ingressos vai de terça a sexta, e a grande parte só abre depois do almoço. preciso sair do trabalho, correr lá, comprar o ingresso e voltar. ainda tenho agonia com teatro: são pessoas vivas, embaladas por uma emoção de outras pessoas vivas (nós, o público). e se eu rir na hora errada? se eu chorar, será que o ator vai me achar muito patética? e se eu quiser ir embora? não sei conviver com gente. ainda mais gente em um palco.
como não há mais estante na minha casa (o gato quebrou), comprei oito prateleiras negras e fuzilei a parede. agora os livros estão suspensos, pendurados, alçados ao céu. para pegá-los, preciso de uma escada. resultado? desisto de ler os antigos e compro novos.
(quero correr mundo desenhando rabiscos não no céu, mas no chão com aquele cheiro de chuva.)
não desista, meu amor, a vida ainda vai te surpreender para bem. ela é uma safada, dá tapa em luva de pelica, beijo com gosto de arsênico. mas não desista. eu seguro sua mão.
é iniciada a era em que qualquer um, a qualquer momento, pode ser ridicularizado por todos, em todos os momentos. que pena. a humanidade não irá pra frente, ela vive nesse pendoar de ir e voltar. regredir, avançar.
ciclos viciosos - mas quem não têm os seus?