sexta-feira, 19 de junho de 2009

vamos para são paulo. fazer o quê lá, ela me perguntou.

sei lá. passear, ver a paulista. me disseram que tem uma exposição bacana no masp. não temos dinheiro para isso, ora, ela bufou no sofá.

mas é feriado, todos os nossos amigos vão estar fora do rio; dá pra comprar a passagem com o resto do cartão de crédito e ir segurando até - não dá, porra, já não disse? esse dinheiro é pra gente comer.

porra, a gente vai passar esses quatro dias com a bunda enfiada no sofá sujo, esburacado; esburaco basta eu, lídia! e onde vamos ficar naquela cidade de cão?

na rua.

sério, pô.

existem milhares de viadutos em são paulo.

não me irrita, joão carlos.

tá vendo, você anda muito nervosa. precisa de novos ares. vamos tomar uma cerveja na augusta, ver aquele bando de gente estranha, rir deles como se não houvesse amanhã, amanhecer num bar sujo, comer um pão quente na padaria. porra, lídia, há quanto tempo a gente não come um pão quente com café no balcão da padaria? no rio não tem mais essas coisas, ela disse em voz baixa. tudo agora é loja de suco, de açaí, do caralho a quatro.

então, porra, vamo. a gente arranja dinheiro, pede emprestado, se exibe na praça são bento: "cariocaXXXX em são paulo, quem dá mais?" ela riu. já era um bom começo.




e como se o abismo não estivesse enroscando nos nossos sapatos, fizemos as malas.