domingo, 7 de junho de 2009

se algum dia você me encontrar na rua, não pense que foi por culpa minha: eu não quis.
não contratei detetive,
não enviei cartas,
não paguei a nenhum atendente de telemarketing para rastrear suas ligações;
sequer lembrei da senha do seu e-mail.

eu mudei de bairro, até.

(eu te amei mais do que você merecia. porque sim, EXISTE classificação das pessoas - algumas merecem ser amadas, outras não.)

porque eu passei muitos domingos, senhora, ao som pobre e inócuo de frejat na televisão, sem conseguir dormir; e aliás, minha senhora, eu fiquei muito tempo sem dormir.

porque a dor, a fina e crua dor, de ter se entregue para alguém que não valia a pena, ah, ela marca; fica como uma companheira de luzes, e assim que avista um navio em ânsia de atracar, se fecha: nesse porto, não.

tantas madrugadas subi a bento lisboa - já que agora é para dizer, vou falar a merda inteira -, achando que você poderia, quem sabe, ir vistar aquela sua amiga lá. e perdi muito dinheiro em bares diferentes, imaginando - quer saber, minha cara senhora? você vá para puta que te pariu.

eu só queria ter encontrado as palavras - verdadeiras - dos teus olhos.