então, eu comprei esse diário. esse diário britânico de auto-ajuda: lições semanais para fazer do seu ano o melhor de toda a sua vida. em uma semana, ser um mentiroso patológico, em outra, cobrar por favores sexuais, em outra, dizer que veio do futuro. humor à la monty python.
take a moment to reflect and find strength for the year ahead. focus on how pathetic your life has been until now. how dysfunctional your family is. how miserable your friends are. how much you hate your boss.
tudo que pensei, na verdade, foram nos olhos azuis do meu avô. nas águas do meu avô cabem todas as tardes de sexta-feira; e em como ele comprava sacos de balas e guardava no antigo pote de farinha, atrás do pote de leite - ele sempre foi maníaco por doces. em uma noite de ano-novo, há anos e anos, há vida atrás, minha mãe decidiu que iria divertir-se com os amigos e deixou-me com eles. uma insone incontrolável, eu queria tocar a passagem do ano: cruzar a linha em que um 95 qualquer morria e um 96 arreganhava os dentes. meu avô levou-me para a varanda da casa, naquele tempo inundada de diferentes flores, hoje, abandonada, e combinamos o seguinte: eu seria par, ele, ímpar. a cada carro que cruzasse nossa vista, anotaríamos o último número. e o ano que estava por vir pertenceria a quem ganhasse.
não faço a menor idéia de quem levou o 96. mas lembro dos seus olhos azuis. e dos meus olhos verdes. de como eles funcionavam bem juntos.
take a moment to reflect and find strength for the year ahead. focus on how pathetic your life has been until now. how dysfunctional your family is. how miserable your friends are. how much you hate your boss.
tudo que pensei, na verdade, foram nos olhos azuis do meu avô. nas águas do meu avô cabem todas as tardes de sexta-feira; e em como ele comprava sacos de balas e guardava no antigo pote de farinha, atrás do pote de leite - ele sempre foi maníaco por doces. em uma noite de ano-novo, há anos e anos, há vida atrás, minha mãe decidiu que iria divertir-se com os amigos e deixou-me com eles. uma insone incontrolável, eu queria tocar a passagem do ano: cruzar a linha em que um 95 qualquer morria e um 96 arreganhava os dentes. meu avô levou-me para a varanda da casa, naquele tempo inundada de diferentes flores, hoje, abandonada, e combinamos o seguinte: eu seria par, ele, ímpar. a cada carro que cruzasse nossa vista, anotaríamos o último número. e o ano que estava por vir pertenceria a quem ganhasse.
não faço a menor idéia de quem levou o 96. mas lembro dos seus olhos azuis. e dos meus olhos verdes. de como eles funcionavam bem juntos.