segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
você olha para mim e diz que está cansada e que eu devo entender, afinal, estamos aí, somos todos uns fardos, esse peso ninguém tira está aqui e... mas quanta merda. sinceramente, vindo de você. ainda por cima. o que você, minha senhora, precisa entender, é que derrubado esse muro, estuprada essa grade, implodida essa grandeza aristotélica de condescendência que você apresenta perante o mundo, nada restou. e o que fazemos com esse nada? você prefere mentir, abstrair, andar sobre a linha à noite como quem ainda não dormiu - nada vejo, nada sei, que milagre, que milagre lindo acontece sob meus olhos. pois não há milagre algum, estamos todos na navalha, o meu pé é uma navalha funda na sua garganta, pois diz que é apenas isso. sê! sê crua! sê crua uma vez na vida e tenha coragem de sair à janela pra ver a desgraça que é. fecharam-se todos os portões e estamos trancados aqui dentro, eternizados estamos a ficar juntos. e a minha senhora ainda vem me falar em destino! você é ridícula. é ridícula quando não percebe a linha aqui, à sua frente. depois dela, você não é nada. eu não sou nada. não existe nada.