eu acredito nas palavras, nas vírgulas, nos engasgos e nas malditas. não acredito em imagens, porém, nesse mundo de alterações e montagens. não me levem a mal, não falo dos grandes, como meu tão-grande amigo evandro e o tão-ser-superior cartier bresson, e aquele menino tão bacana, o avedon. esses não fazem imagem, não é, fazem poesia em configuração CYMK. ( eles têm os olhos ágeis, eu tenho dedos histéricos)
mas toda essa introdução é para dizer que não esqueci, que estou aqui, que não morri e que não desisti - depois de muito muito, a parede da minha sala fez um buraco em que recepciona perfeitamente a forma da minha cabeça.
como vocês estão? bem? espero que sim. no rio, faz frio. ainda. chove, neva. umas nuvens negras tão feias, carregam toda a esperança de uma grama verde e cheirosa. eu continuo com quarenta anos - uma vez, li uma entrevista da maria rita em que ela contava ter sempre se sentido muito velha. morava sozinha em nova york, o pai e os irmãos viviam no rio. no aniversário de trinta anos, encontrou-se. hoje vive feliz, e cada vez mais jovem. (percebe-se nas roupas) uma espécie de benjamin button. espero que isso aconteça comigo, e eu morra um bebêzinho de olhos bem verdes e já cansados de tanto mundo.
de resto, os correios roubaram meus livros e meus filmes, e eu não minto aqui, esta é toda a verdade. cansei. agora quero saber apenas do olho-no-olho. e-mail não pode, que o google invade e rouba sua vida to-di-nha. se é carta, os correios roubam para fazer sarau lá em madureira ao som de suas poesias infames. (daqui a pouco dá funk). a saída? só entrego agora em mãos.
outro dia estava saindo do cinema - fui ver um péssimo, péssimo filme com o johnny depp - e avistei três velhinhos, de braços dados, um ajudando o outro a andar, caminhando lentamente e conversando sobre amenidades.
sinto falta. de muita coisa. mas cada vez menos. talvez seja um avanço. talvez seja perda de memória devido a abuso alcóolico.